No segundo dia de homenagens ao ex-presidente do Uruguai José Mujica, nesta quinta (15), o centro de Montevidéu voltou a se encher de apoiadores que carregavam bandeiras vermelhas, azuis e brancas da Frente Ampla, partido do ex-presidente. Em clima de emoção, com aplausos, flores e cânticos, longas filas se formaram diante do Salão dos Passos Perdidos, no Palácio Legislativo, onde foi montada uma capela funerária para o velório público.
Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), do Brasil, fizeram fila para prestar as últimas homenagens ao ex-presidente do Uruguai. As visitas ao Parlamento continuarão nesta quinta-feira a partir das 10h. Ao fim da cerimônia, os restos mortais de Mujica serão levados para cremação em uma funerária da capital uruguaia.
Uma das maiores lideranças da esquerda na América Latina, Mujica morreu na terça-feira (13), aos 89 anos, após meses de tratamento contra um câncer de esôfago, cujo diagnóstico ocorreu um ano antes. Ele estava em seu sítio em Rincón del Cerro, na zona rural de Montevidéu, ao lado da esposa, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o chileno, Gabriel Boric, chegarão ao Uruguai nesta quinta para o funeral. Lula deve chegar a Montevidéu por volta das 13h. Ele deve participar da cerimônia fúnebre marcada para as 14h, ao lado de lideranças políticas. O retorno a Brasília está previsto para as 16h30.
Lula e Boric estavam em Pequim, participando do Fórum Ministerial China-Celac, quando receberam a notícia da morte de Mujica.
“Conheço muita gente, conheço muitos presidentes, conheço muitos políticos, mas nenhum deles se compara à grandeza da alma de Pepe Mujica. Ele foi realmente uma figura excepcional”, disse Lula na capital chinesa, visivelmente emocionado.
Boric também dedicou uma mensagem ao ex-presidente uruguaio. “Caro Pepe, imagino que você esteja indo embora preocupado com a amargura que o mundo vive hoje. Mas, se você nos deixou algo, foi a esperança inabalável de que as coisas podem ser melhores”, escreveu o chileno nas redes sociais.
Os dois presidentes visitaram Mujica nos últimos meses, em Rincón del Cerro..
Quando anunciou no início deste ano que seu câncer havia se espalhado, Mujica revelou seu desejo de ser cremado e que suas cinzas fossem colocadas em seu jardim, ao lado de sua cadela Manuela, sob uma árvore que ele mesmo plantou.