A Venezuela anunciou neste domingo (26) a captura de “um grupo mercenário” vinculado à CIA (agência de inteligência americana). Não foram divulgados detalhes sobre a suposta detenção, como número de pessoas ou data do ocorrido.
O anúncio foi feito em meio ao início de exercícios conjuntos entre Estados Unidos e Trinidad e Tobago em frente à costa venezuelana, que Caracas denunciou como uma “provocação militar”.
Um navio de guerra lança-mísseis americano chegou neste domingo a Trinidad e Tobago, pequeno país insular composto por 23 ilhas e situado em frente à Venezuela, em um momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica sua pressão sobre o ditador Nicolás Maduro.
Segundo o regime em Caracas, que denuncia complôs com frequência, “está em curso um ataque de falsa bandeira a partir de águas limítrofes com Trinidad e Tobago, ou do próprio território trinitário ou venezuelano, que gere um confronto militar completo” contra a Venezuela.
A visita do USS Gravely “tem como objetivo reforçar a luta contra o crime transnacional e construir resiliência através de capacitação, atividades humanitárias e cooperação em segurança”, afirmou o governo trinitário em um comunicado ao final do dia.
“O governo de Trinidad e Tobago deixou claro repetidamente que valoriza a relação deste país com o povo da Venezuela dada nossa história compartilhada”, acrescentou o texto.
Em uma coletiva de imprensa na Malásia, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que ofereceu a Trump “ajudar na relação com a Venezuela” para manter a “América do Sul como zona de paz”.
“Eu coloquei (para Trump) o tema da Venezuela, disse que pelo que leio na imprensa a situação está se agravando e que é extremamente importante levar em conta que o Brasil pode ajudar na relação com a Venezuela”, declarou Lula nesta segunda-feira (27).
Em Porto Espanha, capital de Trinidad e Tobago, alguns apoiam a presença americana.
“Há uma boa razão pela qual trazem seu navio de guerra aqui. É para ajudar a limpar os problemas de drogas que existem no território” venezuelano, diz Lisa, uma moradora de 52 anos.
No entanto, muitos entrevistados pela AFP expressaram preocupação com a chegada do navio e a possibilidade de uma intervenção na Venezuela.
“Se acontecesse algo entre Venezuela e Estados Unidos, poderíamos acabar recebendo golpes”, teme Daniel Holder, 64. “As pessoas não veem o quão sério isso é atualmente”, mas “coisas poderiam acontecer aqui”.
Caracas acusa a primeira-ministra trinitária, Kamla Persad-Bissessar, de ter renunciado à “soberania de Trinidad e Tobago” e convertido “seu território em um porta-aviões dos Estados Unidos para a guerra em todo o Caribe contra a Venezuela, contra a Colômbia e contra toda a América do Sul”.
Randy Agard, um americano de 28 anos que viajou a Trinidad e Tobago para visitar sua família, diz ter “sentimentos contraditórios”.
“Sinto que os Estados Unidos estão tentando se meter em tudo para tentar controlar a todos e estabelecer uma narrativa de que se preocupam com os outros”, afirma. “Dizem que querem paz e estão enviando navios de guerra, não faz sentido para mim”.
A mobilização militar americana deixou até agora 43 mortos em dez bombardeios a supostas lanchas com drogas no Caribe e no Pacífico, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais.
Dois trinitários teriam sido assassinados em meados de outubro nesses bombardeios. As autoridades locais não confirmaram nem desmentiram essas mortes.
Com AFP




