Poucas horas antes de Donald Trump receber Volodimir Zelenski para discutir os termos russos para uma trégua na Guerra da Ucrânia, Moscou enviou um sinal pouco sutil e promoveu uma patrulha com dois bombardeiros estratégicos Tu-95MS no mar de Barents nesta segunda-feira (18).
Caças da Otan, presumivelmente da Noruega mas que não tiveram a identidade confirmada pelo Ministério da Defesa russo, fizeram a esperada interceptação e acompanharam os dois aviões gigantes, empregados para ataques convencionais e nucleares.
O modelo é usado corriqueiramente na Guerra da Ucrânia, lançando mísseis de cruzeiro de dentro do espaço aéreo do país de Vladimir Putin. Ele foi o alvo principal do ataque com drones ucranianos contra bases áereas na Rússia em junho.
Os Tu-95 estavam acompanhados por pelo menos dois caças Su-33, a versão naval da clássica família Su-27 de aeronaves de combate. O voo, segundo o ministério, ocorreu normalmente e sobre águas internacionais.
Tais incidentes são corriqueiros, mas nem por isso menos perigosos: já houve choque entre aeronaves, disparos de advertência e até um drone americano já foi derrubado por um caça russo no mar Negro em 2023.
As interceptações são padrão, já que os adversários voam em céus neutros, mas se aproximam das fronteiras nacionais dos rivais, entrando às vezes na chamada Adiz (Zona de Identificação de Defesa Aérea, na sigla inglesa) —uma área em torno do espaço aéreo de potências em que aeronaves precisam se identificar.
O fato de o voo, que durou quatro horas, ter ocorrido na área sensível do norte da aliança militar Otan é um recado para o papel dos europeus, que estão pajeando politicamente Zelenski em sua negociação com Trump.
Líderes de quatro países europeus e duas autoridades continentais, os chefes da Otan e da Comissão Europeia, foram a Washington com o ucraniano na esperança de evitar que Trump o force a aceitar todos os termos russos. Putin os passou em detalhe ao americano na cúpula que ambos realizaram no Alasca na sexta (15).