O líder do partido de ultradireita português Chega, André Ventura, desmaiou nesta quinta-feira(15) durante um comício ao ar livre, na reta final da campanha para as eleições gerais de domingo, e foi levado às pressas para um hospital —apenas dois dias depois de sofrer um episódio semelhante em outro evento do partido.

Em vídeos do comício em Odemira, no sul de Portugal, que circularam nas redes sociais, André Ventura, de 42 anos, aparece segurando o peito e tentando afrouxar a gravata antes de desabar nos braços de assessores, que o carregaram para fora do local.

Ventura havia recebido alta apenas na quarta-feira de um hospital em Faro, após o colapso anterior. A unidade médica informou que ele teve um espasmo esofágico causado por refluxo gástrico e pressão alta.

A deputada do Chega Marta Silva disse à CNN Portugal que o eletrocardiograma feito na ambulância logo após o segundo desmaio indicou que “está tudo bem com o coração” do líder partidário, sendo provavelmente outro espasmo esofágico.

Em um vídeo publicado na rede X na quarta-feira, referindo-se ao colapso anterior, Ventura afirmou que estava se recuperando bem de “um episódio muito, muito assustador, que senti pela primeira vez na vida”.

Ventura fundou o Chega em 2019, com um discurso antiestablishment, defendendo penas mais duras para criminosos —incluindo castração química para estupradores reincidentes—, o fim da política de “portas abertas” à imigração em Portugal e acusando os partidos tradicionais de perpetuar a corrupção.

O Chega tornou-se a terceira maior força parlamentar em 2022 e quadruplicou suas cadeiras no Parlamento em uma eleição no ano passado, chegando a 50 assentos, ao se apoiar na pauta de combate à corrupção e à imigração. No entanto, a maioria dos analistas avalia que o partido gira em torno de Ventura, devendo seu sucesso à retórica inflamável, ao carisma e à boa aparência do líder.

Ventura é pós-graduado em Direito e chegou a se preparar para o sacerdócio, mas ganhou notoriedade como comentarista esportivo na televisão. Ficou conhecido nacionalmente em 2018, após declarações incendiárias contra a comunidade cigana.

Às vésperas da eleição de domingo, as pesquisas de opinião colocam o Chega em terceiro lugar, com percentuais semelhantes aos de 2024, quando obteve 18% dos votos —sua ascensão meteórica aparentemente estagnada por escândalos recentes envolvendo integrantes da cúpula do partido