O vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, um católico que entrou em conflito com o papa Francisco sobre as políticas de imigração do governo Trump, participou de uma missa no Vaticano nesta sexta-feira (18). O pontífice, ainda convalescente, não compareceu.
Em visita à Itália com sua família durante o feriado da Páscoa, Vance participou de uma cerimônia na Basílica de São Pedro na Sexta-feira Santa, dia em que os cristãos lembram a crucificação de Jesus.
O vice-presidente foi visto entrando no evento com sua esposa, Usha, e seus três filhos pequenos. Vance carregava uma das crianças nos braços.
Francisco está limitando suas aparições públicas por ordem médica enquanto se recupera de uma pneumonia dupla.
O papa fez do cuidado com os migrantes um dos temas principais de seus 12 anos de papado. Ele criticou duramente os planos do governo Trump de deportar milhões de migrantes nos EUA, chamando a política de vergonha.
Vance, que se tornou católico em 2019, citou conceitos religiosos da era medieval para justificar a repressão à imigração.
Francisco refutou o argumento teológico que Vance usou para defender a repressão em uma carta aberta incomum aos bispos católicos dos EUA, em fevereiro, e chamou o plano de Trump de uma “grande crise” para os EUA.
“O que é construído com base na força, não na verdade sobre a igual dignidade de cada ser humano, começa mal e terminará mal”, escreveu o papa à época.
Há a expectativa de que Vance tenha uma reunião formal no Vaticano neste sábado (19) com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé e autoridade mais graduada da Igreja Católica depois do papa. A participação de Francisco não é esperada.
Vance também pode participar da celebração da Páscoa do Vaticano na praça São Pedro no domingo (20). O Vaticano ainda não disse se o papa comparecerá à cerimônia.
Nos EUA, autoridades católicas também criticaram os cortes de Trump à ajuda externa e aos programas de bem-estar doméstico.
A conferência dos bispos católicos dos EUA anunciou neste mês que, devido aos cortes, encerraria meio século de parcerias com o governo federal para fornecer serviços às populações de migrantes e refugiados.
Chieko Noguchi, porta-voz dos bispos dos EUA, disse à Reuters que Parolin está “bem informado sobre os desafios enfrentados pela igreja e suas instituições” no país.
