María Corina construiu aliança de alto risco com Trump – 29/10/2025 – Mundo

María Corina construiu aliança de alto risco com Trump -


Em 6 de janeiro de 2025, quatro membros da equipe da líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, acomodaram-se num sofá em um escritório no Capitólio, em frente a Mike Waltz, que logo se tornaria o conselheiro de segurança nacional de Donald Trump. Machado fez uma participação especial por videochamada de seu esconderijo na Venezuela.

Durante a reunião, David Smolansky, que administra o escritório de Machado em Washington, explicou como a gangue venezuelana Tren de Aragua era controlada pelo ditador Nicolás Maduro, segundo duas pessoas presentes no encontro. Waltz fez anotações durante todo o tempo, disseram eles.

A reunião fazia parte de uma aposta de alto risco da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Machado, para se alinhar aos integrantes da equipe de Trump que argumentam que Maduro representa uma ameaça direta à segurança nacional dos Estados Unidos.

A agência de notícias Reuters conversou com mais de 50 pessoas, incluindo ex e atuais funcionários americanos, integrantes da oposição da Venezuela e informantes de agências de segurança, que detalharam os esforços de membros da equipe de Machado para ajudar o governo Trump a construir um argumento a favor de uma postura agressiva contra o regime venezuelano.

Líderes da oposição fizeram várias reuniões com a equipe de Trump antes e depois de sua posse, buscando aumentar a pressão sobre Maduro. Aliados contribuíram com pesquisas para relatórios que apoiam essa postura. Membros da equipe forneceram detalhes sobre o ditador e as gangues para agências de segurança, segundo pessoas ouvidas pela Reuters.

A Reuters não conseguiu apurar se a campanha da oposição venezuelana influenciou as políticas do presidente americano. Nos meses após a reunião com Waltz, Washington designou a Tren de Aragua de organização terrorista que ameaça os EUA e que está sob o controle de Maduro. Foi oferecida recompensa de US$ 50 milhões pela captura do ditador.

Desde setembro, o Exército americano destruiu ao menos 14 barcos que supostamente transportavam drogas próximos à costa da Venezuela, como parte de grande mobilização naval no Caribe. Apenas uma fração da cocaína destinada aos EUA passa pelo país sul-americano, segundo a Agência de Combate às Drogas dos EUA.

Trump disse que as 11 pessoas mortas no primeiro ataque eram integrantes da Tren de Aragua, sem apresentar provas. No início deste mês, o presidente disse que autorizou operações secretas da CIA na Venezuela e afirmou que ataques ao território venezuelano podem estar em seus planos.

Machado é inabalável em seu apoio à estratégia militarizada de Trump, dizendo que Maduro deveria renunciar para evitar o agravamento da crise.

Procurada pela Reuters, ela não quis comentar. Já Waltz, agora embaixador dos EUA nas Nações Unidas, não respondeu a perguntas sobre a reunião de 6 de janeiro. O Ministério da Informação da Venezuela também não se manifestou sobre pedidos de comentários.

No poder desde 2013, Maduro tem liderado o colapso econômico e é acusado de execuções extrajudiciais, corrupção e repressão política. Apoiado pelos militares, ele se recusou a renunciar ao poder, apesar do reconhecimento internacional de que a oposição liderada por Machado obteve 70% dos votos na eleição presidencial de 2024. Sanções, negociações e indiciamentos criminais não conseguiram derrubá-lo.

“Não se pode ter liberdade sem força quando se enfrenta uma estrutura criminosa”, disse Machado, ao ser questionada após vencer o Nobel em 10 de outubro, se os militares dos EUA deveriam intervir para restaurar a democracia na Venezuela, que tem as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo.

O ditador disse a Trump em uma carta de setembro que era “absolutamente falso” que seu regime estivesse conectado a gangues de drogas. Ele afirma que as acusações de crimes contra os direitos humanos são falsas e insiste que a Venezuela é uma democracia.

A Reuters não conseguiu entrar em contato com nenhum representante da Tren de Aragua.

Vários governos na América Latina dizem que a Tren de Aragua, agora presente em toda a América do Sul, é uma grande ameaça em seus países. No entanto, um tribunal de apelações dos EUA rejeitou a ideia de que o grupo estaria fazendo “uma invasão” nos EUA numa ação movida pela organização União Americana pelas Liberdades Civis contra a política de deportação do governo Trump.

Relatório do Conselho Nacional de Inteligência dos EUA de abril que examinou os laços do regime com a Tren de Aragua apontou que, embora alguns funcionários venezuelanos “possam cooperar com a gangue para obter ganho financeiro”, Maduro não está dirigindo as operações do grupo nos EUA.

A Reuters não encontrou provas de que Maduro controla a Tren de Aragua ou está usando a facção para invadir os EUA.

Dentro da equipe de Machado, alguns têm lutado com o que um membro da oposição no exílio chamou de “dilema impossível”. Por causa da Tren de Aragua, Trump aplicou o tipo de pressão sobre Maduro que a oposição há muito tempo pedia.

Mas, para apoiar seus objetivos de imigração, ele ao mesmo tempo associa os venezuelanos nos EUA a membros violentos da gangue.

Machado permaneceu em silêncio quando Trump retirou as proteções de imigração para centenas de milhares de pessoas, começou a deportar milhares de volta para a Venezuela e enviou supostos membros da Tren de Aragua para uma mega-prisão em El Salvador, na qual vários disseram terem sido torturados.

Ela diz que os ataques a barcos, que matam cidadãos venezuelanos sem julgamento, são uma decisão de segurança nacional dos EUA. Os bombardeios mataram pelo menos 38 pessoas, muitas das quais Washington sugeriu serem venezuelanos ou trabalhando para a Tren de Aragua. Especialistas em direitos humanos da ONU os descreveram como execuções extrajudiciais.

A equipe de Machado entende que corre o risco de ser acusada de traição por compatriotas, mas vê a lealdade a Trump como a melhor maneira de alcançar a democracia, disseram duas pessoas da oposição.

Apesar das potenciais armadilhas, “o objetivo principal” é remover Maduro, disse uma delas. Se funcionar, “ela [Maria Corina] será a santa padroeira da Venezuela”, disse David Smilde, especialista em Venezuela da Universidade Tulane.

Mas se nada acontecer, ele disse, ela corre o risco de perder o apoio dos venezuelanos desesperados por mudanças e frustrados com as promessas feitas por vários líderes da oposição. E se a ação militar dos EUA contra Maduro levar ao caos, ela será culpada “por enorme destruição dentro do país e enormes danos colaterais fora”, disse ele. “É uma estratégia de alto risco”, acrescentou.

Antes de Trump assumir o cargo em 20 de janeiro, a equipe de Machado estava em contato com os republicanos da Flórida, incluindo o então senador Marco Rubio, como parte de sua campanha para pressionar mais Maduro, disseram pessoas da oposição, sem fornecer mais detalhes.

Rubio, que também atua como conselheiro de segurança nacional de Trump após Waltz deixar o cargo, argumentou já em 2018 que a ação militar poderia ser justificada na Venezuela. Outrora um amargo rival do atual presidente e agora um de seus aliados mais próximos, Rubio é uma figura central na formação da política externa dos EUA.

Uma pessoa próxima aos formuladores de políticas do governo Trump sobre a Venezuela disse que eles acreditavam que Machado e sua equipe tinham pouca influência sobre as opiniões de Rubio.

No entanto, as reuniões ajudaram a reforçar a avaliação do governo sobre as ligações de Maduro com a Tren de Aragua e a ameaça que o grupo e o Cartel de los Soles, outra gangue criminosa, representam para a segurança dos EUA, disse essa pessoa.

A porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, não respondeu às perguntas da Reuters sobre as conversas entre a oposição venezuelana e o governo. O porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott, negou que Rubio tenha comunicação frequente com a oposição venezuelana ou que eles tenham influenciado a abordagem dos EUA em relação à Tren de Aragua.

O apoio de Rubio à oposição venezuelana é de longa data e público. Ele já defendeu anteriormente o apoio dos EUA a seus líderes durante uma tentativa de derrubar Maduro em 2019.

Junto com Waltz, ele assinou uma carta em 2024 indicando Machado para o Prêmio Nobel da Paz. Em abril, escrevendo elogios abundantes a María Corina para apoiar sua inclusão na lista de pessoas influentes da revista americana Time, ele disse que eles se conheceram há uma década.



Fonte CNN BRASIL

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