Pesquisas de boca de urna indicam que o candidato eurocético George Simion está a caminho de terminar na liderança o primeiro turno da nova eleição presidencial da Romênia, neste domingo (4), numa votação vista como um teste para a ascensão do nacionalismo ao estilo Donald Trump na União Europeia.

As pesquisas mostram o ex-senador Crin Antonescu, 65, e o prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, 55, empatados em segundo lugar com cerca de 21% a 23%, atrás de Simion, que registra de 30% a 33%.

Os dados das pesquisas de boca de urna não incluem o expressivo número de votos de romenos no exterior, onde Simion e Dan são populares.

Simion, 38, opõe-se ao envio de ajuda militar à vizinha Ucrânia, é crítico da liderança da União Europeia e afirma estar alinhado com o movimento Make America Great Again (Faça a América Grande de Novo, em português) do presidente dos EUA.

“Isso não é apenas uma vitória eleitoral, é uma vitória da dignidade romena. É a vitória daqueles que não perderam a esperança, daqueles que ainda acreditam na Romênia —um país livre, respeitado e soberano”, disse Simion após a publicação das pesquisas.

De acordo com observadores políticos, a eventual vitória de Simion em um segundo turno previsto para 18 de maio poderia isolar o país, reduzir os investimentos privados e desestabilizar o flanco leste da Otan (a aliança militar do Ocidente), onde a Ucrânia combate há três anos a invasão russa.

“Vamos ter cautela com os resultados das pesquisas porque elas não incluem os votos da diáspora. Então, vamos esperar a contagem oficial que virá mais tarde esta noite”, disse Dan a seus apoiadores.

A votação deste domingo ocorreu cinco meses após uma primeira tentativa de realizar a eleição ser cancelada por suposta interferência russa em favor do candidato de extrema direita Calin Georgescu, que desde então foi proibido de concorrer.

Simion votou ao lado de Georgescu, que chamou a eleição de fraude e conclamou o povo a “retomar o país”. Enquanto dezenas de pessoas se aglomeravam do lado de fora da seção eleitoral gritando “Calin para presidente”, Simion afirmou que seu voto foi “para restaurar a democracia”.

“É possível que o voto da diáspora seja suficiente para colocar Dan no segundo turno”, disse Sergiu Miscoiu, professor de ciência política da Universidade Babes-Bolyai. “Mas Dan pode ter mais dificuldade contra Simion.”

Simion não é o único político ao estilo Maga (Make America Great Again) buscando eleição na Europa Central. Karol Nawrocki, candidato presidencial apoiado pelo principal partido nacionalista da oposição da Polônia na eleição presidencial de 18 de maio, reuniu-se com Trump há poucos dias.

Se eleitos, eles se juntariam a um grupo crescente de líderes eurocéticos que já inclui os primeiros-ministros da Hungria e da Eslováquia.

“Romênia e Polônia são dois países importantes para os EUA”, disse Simion à agência de notícias Reuters na sexta-feira (2). “Somos parceiros e aliados —tanto militar quanto politicamente— do atual governo [dos EUA]. É por isso que é importante que presidentes Maga estejam no comando em Bucareste e Varsóvia.”

O presidente da Romênia exerce um papel semiexecutivo, que inclui o comando das Forças Armadas e a presidência do conselho de segurança nacional, responsável por decidir sobre ajuda militar.

Até agora, a Romênia doou uma bateria de defesa aérea Patriot para Kiev, está treinando pilotos de caça ucranianos e facilitou a exportação de 30 milhões de toneladas de grãos ucranianos através de seu porto no Mar Negro, em Constança.

O presidente do país também pode vetar votos importantes da União Europeia e é responsável por nomear o primeiro-ministro, juízes-chefes, procuradores e chefes dos serviços secretos.

O governo Trump acusou a Romênia de reprimir a oposição política e de faltar com valores democráticos após o cancelamento das eleições de novembro, baseado, segundo o vice-presidente J.D. Vance, em “provas frágeis”.