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Após semanas de tensão, Washington e Pequim parecem ter encontrado um ponto de respiro na relação. A Casa Branca confirmou que Donald Trump e Xi Jinping devem se reunir nesta quinta (30), na Coreia do Sul, durante a cúpula da Apec para discutir um acordo comercial preliminar.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que os dois países alcançaram um “quadro substancial de entendimento” que prevê o adiamento das tarifas de 100% sobre produtos chineses e uma pausa de um ano nas restrições chinesas às exportações de terras raras.
O acordo também inclui a retomada das compras de soja americana e um desfecho sobre a venda da TikTok nos EUA.
Os sinais de distensão impulsionaram os mercados globais. O petróleo subiu diante das perspectivas de recuperação da demanda, enquanto o ouro despencou para abaixo de US$4.000 por onça, refletindo a menor busca por ativos de proteção.
Como parte das preparações para o encontro, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou em ligação com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que o relacionamento entre Xi e Trump é “o ativo estratégico mais valioso” entre as duas nações.
Por que importa: o possível entendimento entre Washington e Pequim reduz o risco imediato de uma guerra comercial total, mas não resolve as causas estruturais da disputa.
Comércio, tecnologia e controle de recursos estratégicos seguem no centro da competição por influência global. EUA e China mostram disposição em usar tarifas, sanções e acordos pontuais como armas de poder.
Além disso, qualquer trégua pode ser passageira. Trump é conhecido por reverter negociações de última hora e decisões judiciais e pressões políticas internas podem levá-lo a retomar o confronto.
O Brasil deve ficar atento aos resultados, especialmente se eles significarem que Pequim passará a comprar cotas de soja dos americanos.
pare para ver
“Cultivo do arroz”, ilustração atribuída a Cheng Qi, pintor ativo de meados ao final do século 18 durante a dinastia Yuan. Saiba mais sobre o trabalho do artista na página do Smithsonian (aqui), onde está atualmente exibido.
o que também importa
★ A associação alemã de fabricantes de máquinas e equipamentos (VDMA) pediu à União Europeia que garanta o acesso a ímãs permanentes produzidos na China. O insumo é considerado essencial para a indústria. O grupo disse que apoia a iniciativa do bloco de reduzir a dependência de matérias-primas críticas do país asiático, mas alertou que pequenas e médias empresas europeias seguem vulneráveis sem um fornecimento estável.
★ China e Índia retomaram ontem (27) voos diretos após cinco anos de suspensão, num gesto de reaproximação entre os dois países mais populosos do mundo. O avião da companhia IndiGo deixou Calcutá com destino a Guangzhou, o que marca um esforço para normalizar relações abaladas por disputas fronteiriças e pela pandemia. Modi e Xi vêm promovendo encontros para reduzir atritos e prosseguir com um degelo diplomático cauteloso.
★ O PLA Daily, jornal porta-voz do Exército chinês, lançou uma campanha de “retificação política” para reforçar a lealdade das forças armadas ao Partido Comunista após a expulsão de nove generais por corrupção. O periódico pediu vigilância contra a “ganância” e reafirmou que “o partido comanda o fuzil”, lema central de Xi Jinping. A ofensiva ocorre após o quarto plenário do Comitê Central, que promoveu o chefe anticorrupção Zhang Shengmin e abriu novas investigações na Força de Foguetes, aprofundando o expurgo militar sob o controle direto de Xi.
fique de olho
As estatais chinesas PetroChina, Sinopec, CNOOC e Zhenhua suspenderam a compra de petróleo russo transportado por mar após os EUA sancionarem a Rosneft e a Lukoil, principais produtoras da Rússia.
A notícia foi divulgada pela Reuters no fim de semana. Pequenas refinarias chinesas também estariam avaliando se continuarão as importações, segundo a agência.
Isso, porém, não significa que Pequim deixará de comprar o produto. O petróleo russo vendido por dutos à China chega a cerca de 900 mil barris diários e deve ser pouco afetado pelas sanções americanas.
Por que importa: o movimento observado na China confirma uma tendência mais ampla, anteriormente observada também na Índia que também é grande compradora da commodity russa. Se a situação se cristalizar, o prejuízo deve pressionar a receita de Moscou, além de impactar os preços globais do petróleo.
para ir a fundo
- A Rede China e América Latina realiza na manhã de quinta (30) um seminário online para discutir os desafios chineses no século XXI. O evento é gratuito e os interessados podem se inscrever aqui.
- Estão abertas até o dia 5 de novembro as inscrições para interessados em prestar o HSK, a prova de proficiência em língua chinesa, de forma virtual. O teste será realizado no dia 23 por meio do VooV, uma plataforma semelhante ao Zoom. Saiba mais aqui.




