A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, revelou profunda preocupação com relatos recentes de “possíveis saques e danos por grupos armados a vários museus e instituições patrimoniais no Sudão”.
Nesta quinta-feira, a agência fez um apelo à comunidade internacional para que faça o máximo para proteger o patrimônio do país africano da destruição e do tráfico ilícito.
Agências de notícias informaram que dezenas de milhares de artefatos foram saqueados do Museu Nacional em Cartum, considerado um dos mais importantes da África. O local está localizado em uma área que seria controlada pelas Forças de Apoio Rápido, RSF, o grupo paramilitar que combate o Exército Sudanês.
Relatos atribuídos a funcionários do Museu Nacional confirmam imagens de satélite tiradas no ano passado mostrando caminhões carregados de artefatos a caminho das fronteiras do Sudão, incluindo os limites com o Sudão do Sul.
A “operação de saque e contrabando em larga escala” acontece onde era exibido um acervo de mais de 100 mil itens, incluindo múmias datadas de 2.500 a.C., consideradas as mais antigas e arqueologicamente significativas do mundo.
A Unesco revela particular preocupação com relatos de saques no local em que há cinco anos ajuda a cuidar de peças históricas que incluem antiguidades, estátuas e coleções arqueológicas de alto valor histórico e material.
Aproximadamente 13 milhões de pessoas estão deslocadas no Sudão
A agência revela ainda que desde o início dos confrontos em abril de 2023 tem acompanhado de perto o impacto desta crise sobre o patrimônio, as instituições culturais e os artistas do Sudão.
Para a Unesco a “ameaça à cultura parece ter atingido um nível sem precedentes”, com novas informações indicando ter havido saques em museus, patrimônio, sítios arqueológicos e coleções particulares.
A nota da agência relembra as obrigações de todas as partes do conflito de “cumprir o direito internacional humanitário, abstendo-se de danificar, saquear ou usar propriedade cultural para fins militares”.
Além do Museu Nacional de Cartum coleções importantes foram saqueadas no Museu Khalifa House e no Museu Nyala. A Unesco está verificando essas informações para determinar a extensão dos danos.
A agência da ONU reitera o apelo ao público e ao mercado de arte regional e global com envolvimento no comércio de bens culturais “que se abstenham de adquirir ou participar da importação, exportação ou transferência de bens de propriedade cultural do Sudão”.
A instituição das Nações Unidas adverte que “qualquer venda ou deslocamento ilegal desses itens culturais resultaria no desaparecimento de parte da identidade cultural sudanesa e colocaria em risco a recuperação do país”.
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